O portal J&Cia on
line publicou informações sobre a eleição do Sindicato de
Jornalistas do Estado de São Paulo marcada para 27, 28 e 29 de março
e uma entrevista com Guto Camargo, atual presidente da entidade e
líder da Chapa 1 (Sindicato Forte/Unidade e Luta). Compõem com ele
a Diretoria Executiva André Luiz Cardoso Freire (secretário geral),
Cândida Maria Rodrigues Vieira (secretária de Finanças), Edvaldo
Antonio de Almeida (secretário do Interior), Lilian Mary Parise
(secretária de Cultura e Comunicação), Evany Conceição
Francheschi Sessa (secretária de Relações Sindicais e Sociais),
Márcia Regina Quintanilha (secretária de Sindicalização), Paulo
Leite Moraes Zocchi (secretário Jurídico e de Assistência) e
Clélia Cardim, a Telé (secretária de Ação e Formação
Sindical).
A seguir a íntegra da entrevista publicada.
Guto Camargo: ”Trabalho
ainda não se encerrou”
Jornalistas&Cia –
O que o levou a pleitear o terceiro mandato, iniciativa inédita
desde os anos 1970, quando o Sindicato
assumiu papel de vanguarda na redemocratização do País, com a
vitória de Audálio Dantas?
Guto Camargo – A
ideia de um terceiro mandato surgiu como parte de um debate que
envolvia a tentativa de construir uma chapa de unidade com o grupo
que, historicamente, faz oposição cerrada à direção do
Sindicato. Apesar das reuniões entre as partes, o projeto não foi
avante por decisão do movimento de oposição que, ao final, optou
por disputar mais uma vez a eleição. Um novo mandato seria,
portanto, a finalização de um longo projeto de política sindical,
coletivamente construído para alavancar e reforçar o Sindicato dos
Jornalistas neste momento de ataque violento que a profissão recebe,
tanto de forças econômicas (refletido nas condições de trabalho)
quanto políticas (por exemplo, o fim do diploma). O meu papel foi o
de coordenar este esforço conjunto. O fato de o Sindicato dos
Jornalistas ter em sua história presidentes marcantes como, por
exemplo, Freitas Nobre e Audálio Dantas, traz para essa escolha uma
dimensão que ela absolutamente não possui – fui simplesmente
escolhido pelo grupo para continuar na coordenação desse trabalho
conjunto que ainda não se encerrou.
J&Cia – A chapa é
fruto de alguma composição? Com que forças políticas?
Guto – A ação
sindical é uma ação política, mas que não pode ser confundida
com a ação política partidária tradicional. Assim, a Chapa 1
também é resultado de um agrupamento de forças políticas e
sociais que se compõem em torno de um programa e de bases comuns.
Mas é preciso salientar que vários integrantes resumem sua
militância à atividade sindical dos jornalistas, com independência
em relação a outras entidades, o que vem se somar à pluralidade e
unidade representada pela Chapa 1. Apesar de se posicionar no campo
cutista (o Sindicato e a Fenaj são filiados á CUT), a Chapa 1 reúne
companheiros e companheiras que atuam em outras centrais, em diversos
partidos políticos, bem como junto a organizações da sociedade
civil. A palavra Unidade, que apresentamos em nosso slogan, não é
mera retórica, mas um compromisso com os jornalistas.
J&Cia – Qual o
percentual de renovação da composição da chapa em relação à
atual diretoria?
Guto – Temos 30 novos
jornalistas que passam a integrar a Chapa 1; isso representa uma
renovação de 42% em um grupo com 83 nomes. Portanto, aliamos
experiência com renovação.
J&Cia – A chapa
tem representantes em todas as mídias (jornal, revista, tevê, rádio
e internet) e também das áreas de imagem e assessoria de imprensa?
Guto – Sim, temos
representantes em todas as áreas citadas e também professores de
jornalismo e aposentados, tanto na capital quanto no interior. Na
composição do grupo nos esforçamos para abranger todas as facetas
da profissão e conseguimos representá-los na Chapa 1.
J&Cia – Quais as
conquistas principais que destacaria de seus dois mandatos iniciais?
Guto – O Sindicato
ampliou e marcou sua atuação junto aos movimentos sociais, com
forte presença nos grandes debates públicos, desde a execução das
políticas no campo da democratização da comunicação até a
criação da Comissão da Verdade. Tivemos participação central no
processo de tramitação da PEC do Diploma em Brasília e honramos a
tradição do auditório Vladimir Herzog de ser um centro
privilegiado de debate sobre as questões de cidadania, abrigando
desde reuniões das Mães de Maio, que lutam contra a violência na
periferia, até encontros com convidados internacionais. No campo
sindical implantamos o atendimento previdenciário para jornalistas e
iniciamos uma nova política de comunicação atuando nas mídias
sociais. Na política salarial garantimos o poder de compra do
salário e obtivemos ganho real para o piso, além de avançar no
valor da PLR e de cláusulas sociais.
J&Cia – Quais os
planos para a nova gestão?
Guto – Nosso programa
de atuação está estruturado em três eixos: a ação interna para
fortalecer o Sindicato e sua gestão; um programa de atuação junto
à sociedade civil e suas lutas gerais; e, por fim, a atuação
sindical por excelência, que é incidente sobre as condições de
trabalho dos jornalistas. Com este programa damos respostas a uma
imensa gama de problemas que afetam a categoria, criamos políticas
que vão desde o reforço do Departamento Jurídico, da
sindicalização, da política de sustentação financeira do
Sindicato, organização dos jornalistas do interior, dos serviços,
cursos e convênios, passando pela participação na luta pela
liberdade de expressão, de imprensa e pela democratização dos
meios de comunicação. Abordamos também a questão da defesa da
regulamentação profissional atuando pela criação de uma entidade
reguladora para a profissão de jornalismo como parte de um tripé:
formação (Universidade), defesa dos direitos trabalhistas e sociais
(Sindicato) e regulação profissional (Conselho), além do apoio às
propostas de emenda constitucional para a volta do diploma. Isto,
claro, somado às lutas sindicais pela defesa do emprego, por
aumentos reais nos salário, pela elevação do piso salarial e sua
unificação, combate à precarização, terceirização e
“pejotismo”. Esta formulação é produto de anos de elaboração
e atuação prática junto à entidade.
J&Cia – Como
analisa a oposição ao trabalho da atual diretoria?
Guto – O Sindicato
dos Jornalistas de São Paulo tem um histórico de disputas
eleitorais. Desde a retomada da gestão sindical pelo campo
democrático, ocorrida em 1975 com a vitória de Audálio Dantas, em
uma disputa envolvendo três chapas, houve embate em outras oito
eleições, num total de onze. Nos últimos quinze anos, a disputa
tem sido travada por um mesmo grupo oposicionista. Portanto, estamos
diante de uma situação normal. O problema está quando a disputa
por espaços políticos na gestão da entidade deixa de contribuir
para a construção de um Sindicato forte e atuante. Uma disputa que
se alimenta da própria disputa, que se repete em toda assembleia, em
cada campanha, a todo instante, distorcendo o conceito de
participação sindical, pois torna o ato de votar e de lutar por
espaço na administração o objetivo da disputa. Assim, o fato de
ser oposição se justifica em si, mesmo sem consequências
positivas. Do ponto de vista organizativo, a Chapa 1 tem sua
constituição baseada no trabalho do jornalista, em sua amplitude e
diversidade atual, com fortes ligações no mundo sindical. Já a
oposição se alicerça sobre uma diversidade profissional menor,
está baseada no universo das ONGs, tem baixa presença sindical e
alta densidade político-partidária.
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