9 de mar. de 2012

Jornalistas & Cia publica entrevista com Guto Camargo

O portal J&Cia on line publicou informações sobre a eleição do Sindicato de Jornalistas do Estado de São Paulo marcada para 27, 28 e 29 de março e uma entrevista com Guto Camargo, atual presidente da entidade e líder da Chapa 1 (Sindicato Forte/Unidade e Luta). Compõem com ele a Diretoria Executiva André Luiz Cardoso Freire (secretário geral), Cândida Maria Rodrigues Vieira (secretária de Finanças), Edvaldo Antonio de Almeida (secretário do Interior), Lilian Mary Parise (secretária de Cultura e Comunicação), Evany Conceição Francheschi Sessa (secretária de Relações Sindicais e Sociais), Márcia Regina Quintanilha (secretária de Sindicalização), Paulo Leite Moraes Zocchi (secretário Jurídico e de Assistência) e Clélia Cardim, a Telé (secretária de Ação e Formação Sindical).

A seguir a íntegra da entrevista publicada.


Guto Camargo: ”Trabalho ainda não se encerrou”

Jornalistas&Cia – O que o levou a pleitear o terceiro mandato, iniciativa inédita desde os anos 1970, quando o Sindicato assumiu papel de vanguarda na redemocratização do País, com a vitória de Audálio Dantas?
Guto Camargo – A ideia de um terceiro mandato surgiu como parte de um debate que envolvia a tentativa de construir uma chapa de unidade com o grupo que, historicamente, faz oposição cerrada à direção do Sindicato. Apesar das reuniões entre as partes, o projeto não foi avante por decisão do movimento de oposição que, ao final, optou por disputar mais uma vez a eleição. Um novo mandato seria, portanto, a finalização de um longo projeto de política sindical, coletivamente construído para alavancar e reforçar o Sindicato dos Jornalistas neste momento de ataque violento que a profissão recebe, tanto de forças econômicas (refletido nas condições de trabalho) quanto políticas (por exemplo, o fim do diploma). O meu papel foi o de coordenar este esforço conjunto. O fato de o Sindicato dos Jornalistas ter em sua história presidentes marcantes como, por exemplo, Freitas Nobre e Audálio Dantas, traz para essa escolha uma dimensão que ela absolutamente não possui – fui simplesmente escolhido pelo grupo para continuar na coordenação desse trabalho conjunto que ainda não se encerrou.

J&Cia – A chapa é fruto de alguma composição? Com que forças políticas?
Guto – A ação sindical é uma ação política, mas que não pode ser confundida com a ação política partidária tradicional. Assim, a Chapa 1 também é resultado de um agrupamento de forças políticas e sociais que se compõem em torno de um programa e de bases comuns. Mas é preciso salientar que vários integrantes resumem sua militância à atividade sindical dos jornalistas, com independência em relação a outras entidades, o que vem se somar à pluralidade e unidade representada pela Chapa 1. Apesar de se posicionar no campo cutista (o Sindicato e a Fenaj são filiados á CUT), a Chapa 1 reúne companheiros e companheiras que atuam em outras centrais, em diversos partidos políticos, bem como junto a organizações da sociedade civil. A palavra Unidade, que apresentamos em nosso slogan, não é mera retórica, mas um compromisso com os jornalistas.

J&Cia – Qual o percentual de renovação da composição da chapa em relação à atual diretoria?
Guto – Temos 30 novos jornalistas que passam a integrar a Chapa 1; isso representa uma renovação de 42% em um grupo com 83 nomes. Portanto, aliamos experiência com renovação.

J&Cia – A chapa tem representantes em todas as mídias (jornal, revista, tevê, rádio e internet) e também das áreas de imagem e assessoria de imprensa?
Guto – Sim, temos representantes em todas as áreas citadas e também professores de jornalismo e aposentados, tanto na capital quanto no interior. Na composição do grupo nos esforçamos para abranger todas as facetas da profissão e conseguimos representá-los na Chapa 1.

J&Cia – Quais as conquistas principais que destacaria de seus dois mandatos iniciais?
Guto – O Sindicato ampliou e marcou sua atuação junto aos movimentos sociais, com forte presença nos grandes debates públicos, desde a execução das políticas no campo da democratização da comunicação até a criação da Comissão da Verdade. Tivemos participação central no processo de tramitação da PEC do Diploma em Brasília e honramos a tradição do auditório Vladimir Herzog de ser um centro privilegiado de debate sobre as questões de cidadania, abrigando desde reuniões das Mães de Maio, que lutam contra a violência na periferia, até encontros com convidados internacionais. No campo sindical implantamos o atendimento previdenciário para jornalistas e iniciamos uma nova política de comunicação atuando nas mídias sociais. Na política salarial garantimos o poder de compra do salário e obtivemos ganho real para o piso, além de avançar no valor da PLR e de cláusulas sociais.

J&Cia – Quais os planos para a nova gestão?
Guto – Nosso programa de atuação está estruturado em três eixos: a ação interna para fortalecer o Sindicato e sua gestão; um programa de atuação junto à sociedade civil e suas lutas gerais; e, por fim, a atuação sindical por excelência, que é incidente sobre as condições de trabalho dos jornalistas. Com este programa damos respostas a uma imensa gama de problemas que afetam a categoria, criamos políticas que vão desde o reforço do Departamento Jurídico, da sindicalização, da política de sustentação financeira do Sindicato, organização dos jornalistas do interior, dos serviços, cursos e convênios, passando pela participação na luta pela liberdade de expressão, de imprensa e pela democratização dos meios de comunicação. Abordamos também a questão da defesa da regulamentação profissional atuando pela criação de uma entidade reguladora para a profissão de jornalismo como parte de um tripé: formação (Universidade), defesa dos direitos trabalhistas e sociais (Sindicato) e regulação profissional (Conselho), além do apoio às propostas de emenda constitucional para a volta do diploma. Isto, claro, somado às lutas sindicais pela defesa do emprego, por aumentos reais nos salário, pela elevação do piso salarial e sua unificação, combate à precarização, terceirização e “pejotismo”. Esta formulação é produto de anos de elaboração e atuação prática junto à entidade.

J&Cia – Como analisa a oposição ao trabalho da atual diretoria?
Guto – O Sindicato dos Jornalistas de São Paulo tem um histórico de disputas eleitorais. Desde a retomada da gestão sindical pelo campo democrático, ocorrida em 1975 com a vitória de Audálio Dantas, em uma disputa envolvendo três chapas, houve embate em outras oito eleições, num total de onze. Nos últimos quinze anos, a disputa tem sido travada por um mesmo grupo oposicionista. Portanto, estamos diante de uma situação normal. O problema está quando a disputa por espaços políticos na gestão da entidade deixa de contribuir para a construção de um Sindicato forte e atuante. Uma disputa que se alimenta da própria disputa, que se repete em toda assembleia, em cada campanha, a todo instante, distorcendo o conceito de participação sindical, pois torna o ato de votar e de lutar por espaço na administração o objetivo da disputa. Assim, o fato de ser oposição se justifica em si, mesmo sem consequências positivas. Do ponto de vista organizativo, a Chapa 1 tem sua constituição baseada no trabalho do jornalista, em sua amplitude e diversidade atual, com fortes ligações no mundo sindical. Já a oposição se alicerça sobre uma diversidade profissional menor, está baseada no universo das ONGs, tem baixa presença sindical e alta densidade político-partidária.

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